Estou dentro de um ônibus indo para Nova York, tenho cinco horas pela frente e essa é a primeira vez em dias que consigo ter um tempo para não fazer nada. Trabalhar e fazer faculdade cansa demais, já não lembrava como era isso aos vinte e poucos anos. Decidi ligar para uma amiga, também não lembro a última vez que conversei com alguém do Brasil. Conversa vai e ela sempre me pergunta “E aí, amiga, você está feliz?”.
É tempo de final de ciclos, daqui a alguns dias já não terei mais 27 e a minha resposta é: SIM!
E não!
São dias e dias e se tem uma coisa que eu fiz nos últimos tempos foi não lembrar, como dá pra notar aqui.
Eu também não lembro muito quem eu era a dois anos e meio atrás, quando foi mesmo que eu deixei o pingado pelo copo de 500ml de café, a Brahma gelada pela Corona fria, o pão de queijo pelo ovo no café da manhã, o calor pelo frio, o MPB pelo country, o escritório pela casa ou quando deixei de ser a Sah pra ser a Sam.
Parece chique e bonito dizer que eu estou indo pra Nova York. E é, tirando o fato de eu estar sozinha com um cara estranho do meu lado em um ônibus barato, rezando pra ele não quebrar até lá.
Nova York foi o meu sonho a vida toda e pisar lá vai ser sempre como a primeira vez: Eu chego, respiro fundo, olho pra cima e penso que a vida é linda. Mas a verdade é que tudo vira rotina, a gente se acostuma, a vida segue mesmo que a gente não queira.
Estranho agora virou o aperto quando alguém diz que está indo no Shopping Bourbon, correr na Avenida Braz Leme. São Paulo, Rio de Janeiro, o calor de Morro de São Paulo na Bahia.
Outro dia a Jout Jout falou sobre lidar com as faltas.
E um dia eu sei que vou estar na África vendo elefantes de perto e esses dias frios e cinzentos em Nova York ainda vão esmagar meu coração.